É fácil confundir comércio de proximidade com comércio tradicional, principalmente porque existe já a ideia feita de que o comércio tradicional está mais próximo do cliente. Mas será mesmo mesmo assim?
O que é o comércio?
Afinal de contas, o comércio não é mais do que o elemento do sistema geral da distribuição, mesmo ali posicionado entre a produção e o consumo de bens e serviços, com a função de disponibilizar as mercadorias ao consumidor – pessoa, empresa ou instituição.
Por sua vez, o conceito de comércio de proximidade refere-se ao espelho do comércio próximo da sua procura física mas principalmente social, cultural, patrimonial e comercial. Ora neste conceito cabe o de comércio tradicional – assim como o de comércio de rua, comércio independente, entre outros.
Comércio de proximidade não é sinónimo de comércio tradicional!
Para que não restem dúvidas, o comércio de proximidade abarca o comércio tradicional e no sentido em que o primeiro tende a ser o oposto do segundo. Confuso? Explico: no comércio tradicional as práticas de negócio, de gestão e da actividade do dia a dia estão orientadas para o tradicional e não para a vanguarda tecnológica e eficiência proporcionada pela modernidade. Ora isto é o oposto do que se pretende com o conceito de comércio de proximidade que está, cada vez mais, menos tradicional!
Comércio e distribuição
A acumulação das funções de venda por grosso e a retalho, geralmente praticadas pelos grandes grupos económicos, tem vindo a acarretar a substituição do conceito de comércio pelo de distribuição. Mas será apenas uma questão de linguagem e de utilização frequente da palavra provocadas pela mistura do que efectivamente se passa.
A distribuição é um sector de actividade que inclui a aquisição de bens, essencialmente da área do alimentar, aos fornecedores – porventura integrados a montante na produção – para revenda aos consumidores finais. Surge, então, daqui a divisão da distribuição em dois grupos de actividade:
- a montante do comércio por grosso, que inclui cooperativas grossistas, cadeias grossistas e operadores grossistas de menor dimensão, sendo este o fornecedor tradicional do pequeno retalho do comércio tradicional (mercearias, drogarias, padarias e pastelarias, talhos, peixarias e os mercados locais) e grande parte do canal Horeca (hotéis, restaurantes e cafés);
- a jusante do comércio a retalho.
O comércio a retalho
O que inclui, então, o comércio a retalho?
- o canal Horeca, que se abastece junto do comércio por grosso e, em alguns casos, de forma directa e crescente no sector do aprovisionamento;
- o retalho tradicional;
- as cadeias retalhistas de menor dimensão e de âmbito regional;
- os grandes grupos retalhistas: minimercados, supermercados e hipermercados.
Como vê, o conceito de comércio a retalho é imenso – pois compreende todo o conjunto de actividades que se sucedem desde que os bens são produzidos até ao seu uso final pelos consumidores. Isto inclui um vasto leque de serviços paralelos a montante e a jusante da venda – como será exemplo a assistência técnica disponibilizada por inúmeros comerciantes aos consumidores após a concretização da compra em si!
Bem visto, o comércio de proximidade é um comércio a retalho!