Como é o comércio a retalho no meio rural? A realidade é limitativa? O que influencia a redução da procura?
Em uma perspectiva meramente económica, o comércio a retalho no meio rural tem vindo a sofrer uma redução na procura explicada. Esta redução pode ser explicada por algumas razões:
- pelo envelhecimento progressivo da população, a que se associa a um decréscimo acentuado da população.
Como explicar a saída da população a não ser pelo êxodo resultante da procura de melhores condições de vida que o meio rural não pode possibilitar à população?, apesar de este ser actualmente um cenário comum também às áreas urbanas, como emprego, saúde, educação, habitação, serviços, comércio, etc.
Áreas urbanas Vs Meio rural
A verdade é que as áreas urbanas continuam a apresentar-se, aos olhos do meio rural, como fascinantes e extremamente atraentes – principalmente para a população mais jovem.
Mas voltando às razões que explicam a redução da procura do comércio a retalho nas zonas rurais:
- pela concorrência que as grandes e médias superfícies comerciais exercem. Há um grande favorecimento da concorrência cuja causa está
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- na maior mobilidade de pessoas até aos cinquenta ou sessenta anos, inclusive as grandes superfícies oferecem gratuitamente o transporte entre si e as localidades da população;
- nos vendedores ambulantes que a dias certos apresentam, no meio rural, toda a gama possível de produtos;
- pelo desajustamento das condições da oferta face aos novos padrões e solicitações do consumidor que, entretanto, se tornaram obsoletas no comércio a retalho no meio rural.
O comércio a retalho no meio rural: parte integrante da via social
Que papel desempenha, então, o comércio a retalho no meio rural? As lojas e qualquer estabelecimento de comércio assumem o centro da vida social neste contexto de ruralidade – dinamizando-a. Lembra-se por exemplo da venda, ou mercearia, que também era taberna? e que era igualmente o único local da aldeia que permitia fazer e receber chamadas telefónicas no comércio a retalho no meio rural?
A teia social não se esgota aqui se pensar que também era o local de comércio onde o carteiro recolhia e entregava a correspondência, onde pagar a electricidade e a água era possível – assim como descontar o cheque da pensão de reforma ou trocar a botija do gás; faziam-se encomendas ao dono da loja para trazer coisas da cidade e não ter, desta feita, a população de se deslocar.
Trocas de bens e de serviços mas também troca de palavras, de sorrisos e de emoções. O estabelecimento de comércio é, muitas vezes, o sítio da conversa que faz toda a diferença naquela hora ou naquele dia; é o local onde estão os amigos.
Não é verdade esta realidade do comércio a retalho no meio rural?