A China passou a ser a maior potência comercial do mundo batendo os EUA , conforme referencia o site Negócios Online. Mas será mesmo assim?
Especialista em Estudos Internacionais põe em causa a China enquanto maior potência comercial do mundo
De acordo com a especialista Zhang Monan não será bem assim – será mais uma ilusão visto que “Desde a década de 90, a China tem estado a construir o seu “comércio de aperfeiçoamento passivo” – mediante o qual importa “inputs” intermédios de outros países, elabora-os ou monta-os e depois exporta-os – levando a relação do comércio de produtos intermédios face ao comércio externo a crescer rapidamente.
Os “inputs” intermédios abrangem cerca de 28% das exportações mundiais, mas 40% das exportações totais da China. Tendo em conta que o comércio tradicional é baseado no país de origem, a segmentação do valor acrescentado e da divisão internacional do trabalho em múltiplos níveis podem distorcer os dados do comércio.”
A especialista refere, quanto ao facto de a China ser a maior potência comercial do mundo, o modelo do “comércio triangular” – a China importa quantidades bem relevantes de “inputs” intermédios dos países do este asiático, como o Japão e a Coreia do Sul, e depois passa a exportar os produtos finais para os Estados Unidos. Ora este facto revela que há permissão para uma grande redundância na documentação comercial. Refira-se que, por exemplo, em 2010 mais de um quarto dos 19 biliões de dólares do mundo em exportações foi contabilizado mais do que uma vez na China…
China: a maior exportadora mundial graças às actividades de baixo valor acrescentado como o processamento e a montagem
Há uma inegável falta de capacidade de investimento da Chima em investigação e inovação – e daí a sua aposta, desde sempre, e dependência – nas actividades de baixo valor acrescentado como o processamento e a montagem. Esta é mais uma das conclusões da pesquisa que sustenta o porquê de a China ser líder mundial na indústria low cost e mão de obra intensiva.
Esta vantagem competitiva estará, no entanto, com os dias contados em virtude do aumento dos salários e da descida do dividendo demográfico e, como refere a especialista, ” a sua baixa posição nas cadeias de valor mundiais significa que os benefícios reais das suas exportações continuam a ser muito inferiores aos das economias avançadas como os Estados Unidos, que se especializam na tecnologia avançada e produção de grande valor acrescentado”.
Considerando a actual combinação de subida dos custos laborais e de baixo valor acrescentado coexiste um cenário insustentável e para que a China passe de um país comercial grande a potência comercial do mundo tem mesmo de aumentar a sua produtividade – só assim o sector da indústria consegue acrescentar maior valor às exportações aos bens de consumo interno.
Em boa verdade, foram sido transferidas para a China – e a partir do Japão, Coreia do Sul, Singapura, Taiwan e Hong Kong – gigantes quantidades de trabalho de elaboração e montagem com grande densidade de mão-de-obra. Ora o mesmo se passou com os excedentes comerciais dessas economias. E este processo contribuiu, como diz Zhang Monan, “para os grandes – e muito criticados – desequilíbrios comerciais com os Estados Unidos e a União Europeia, os mercados finais mais importantes dos produtos industriais elaborados na China.”
Os números, está visto, podem não ser aquilo que parecem.