Vivemos actualmente numa situação de crise a nível económico e social que se prolonga já há alguns anos. As taxas e os índices raramente são encorajadores para uma população de novas oportunidades e de melhorar as condições de vida no seu país. O desemprego e os seus números são desanimadores e tornam a procura activa de emprego uma função cada vez mais complexa e trabalhosa. Ainda recentemente, vieram a público dados (analisados pela Eurostat) relativamente aos custos do trabalho em Portugal, quando comparados com os outros países da União Europeia. As notícias referiam uma disparidade entre a média do custo do trabalho a nível europeu e os mesmos custos em Portugal. Indicam os estudos feitos que a média Europeia dos custos do trabalho (que se referem aos custos com a remuneração e outros encargos inerentes ao trabalho) varia entre 23,70 e 28,40€. Quando analisados países em crise como é o caso de Portugal, o custo de trabalho não só se revela bastante inferior a esta média, como se verifica um decréscimo em relação ao ano de 2013, sendo que o custo do trabalho em Portugal se encontra actualmente em cerca de 11,60€, tendo sofrido um decréscimo de 5,10% em relação aos valores de 2012. Já a Grécia apresentou o maior decréscimo, de cerca de 18,60% também em relação a 2012. Relativamente às taxas de desemprego, ainda que tenham diminuindo progressivamente nos trimestres de 2013 (representando 17,70% da população no 1º trimestre, 16,40% no 2º e 15,60% no 3º) estes números são ainda bastante desanimadores para uma população que enfrenta uma época de privações em todos os níveis e uma reformulação dos papéis inerentes a jovens e adultos. Cada vez mais a fronteira entre a juventude e a vida adulta se torna ténue, pois a época de transição, por todas as limitações e dificuldades actuais, ocorre cada vez mais tarde, sendo que para muitos, nunca chega a ocorrer. Nomeadamente no que diz respeito a casar, comprar/alugar casa própria, constituir a própria família, ter segurança financeira e estabilidade familiar. Tudo isto são conceitos que praticamente deixaram de existir actualmente. A prossecução de estudos tem sofrido também bastantes alterações, sendo que há cada vez menos pessoas a concorrer ao ensino superior e a prosseguirem os mesmos, tendo se verificado uma perda de cerca de 20% destes (alunos com mais de 30 anos). Tendo em conta todos estes dados e limitações que pouco ou nada dependem do nosso controlo, é fácil verificar que se torna cada vez mais difícil e desafiante a procura activa de emprego. Encontrar-se em situação de desemprego é, desde logo, bastante desmotivador e desesperante, especialmente na conjuntura actual. A juntar a isto, os desafios com os quais os desempregados se deparam na procura de emprego são também bastantes. É necessário e requerido do trabalhador uma constante adaptação, flexibilidade e mesmo criatividade na procura de emprego. Novas formas de procura activa de emprego vão surgindo e as formas de recrutamento e selecção de pessoal vão também, por seu lado, sofrendo alterações. Espera-se dos desempregados que se vão actualizando e desafiando constantemente, encontrando novas formas de se apresentarem às empresas, de se candidatarem às funções, etc. Estudo feitos demonstram, por exemplo, que 86% das pessoas que procuram trabalho, utilizam computador ou equipamentos móveis para o fazer. Isto demonstra, por exemplo, a adaptação dos desempregados ao uso das novas tecnologias. Outros estudos mostram também que 7 em cada 10 pessoas procuram trabalho a partir do telemóvel, esta é uma tendência relativamente recente. Considerando esta necessidade quase de reinvenção constante por parte dos desempregados, torna-se importante evitar alguns comportamentos na procura activa de emprego, tais como:
· Enviar a mesma carta de apresentação e CV para todas as ofertas, independentemente da função (é importante a personalização da carta e, muitas vezes, do próprio currículo, de acordo com a função à qual se candidata e às características da própria empresa).
· Não se preparar previamente para a entrevista, com uma atitude de improviso (tente conhecer um pouco a empresa, os seus serviços, a função à qual se candidatam, ou seja, é importante saber algumas informações e/ou pormenores que possam ser referidos na entrevista, que demonstrem que se preparou para a mesma). · Mentir para conseguir um emprego (na altura até pode parecer uma boa escolha, que abone em seu favor mas, seja a nível de competências, habilitações, experiência, idade ou qualquer outro aspecto, o mais provável é que a sua mentira venha a ser descoberta, trazendo consequências muito mais negativas, podendo diminuir bastante as hipóteses de voltar a ser contratado, pelo menos na mesma área).
· Passar uma imagem negativa de quem é (humildade não é o mesmo que baixa auto-estima. Apesar de ser importante mostrar alguma humildade durante a entrevista, tem que a encarar com confiança (nas suas competências, no seu trabalho), não deve referir pontos negativos relevantes ao desempenho da função. Por exemplo, dizer que não lida bem com situações de stress e de multi-tasking numa função que exija esse tipo de competência, irá diminuir bastante as hipóteses de ser seleccionado, ou referir ser desorganizado e não pontual, irá abonar negativamente em quase todas as funções).
· Mostrar desespero (acreditar nas próprias capacidades no seu mérito em relação a um determinado emprego, pode ser a diferença entre ser ou não seleccionado. Mostre-se confiante (sem exageros, claro) e mostre à empresa que terá muito a ganhar com a sua contratação).
· Preparar-se só na altura da entrevista (cada vez mais se utiliza a entrevista telefónica como técnica de triagem curricular. Quando enviar a candidatura, prepare-se logo para uma possível entrevista, que pode acontecer a qualquer altura). · Limitar-se a uma forma de procura de emprego (como foi já referido, espera-se cada vez mais dos desempregados uma constante adaptabilidade às novas tecnologias e a novos desenvolvimentos que vão surgindo. Uma oportunidade de trabalho pode vir dos meios mais distintos, desde sites de emprego, redes sociais, amigos, familiares, conhecidos, entre outros. Todas as fontes podem ser uma mais-valia logo, envie currículos via internet, carta, entregue directamente nas empresas … Diversifique na hora de procurar e de se candidatar às funções, esta pode ser a característica que o diferencia dos outros desempregados). · Aceitar passivamente a rejeição depois da entrevista (se quer realmente melhorar o seu processo de candidatura, procure saber, com a empresa que o entrevistou, em quê que falhou, pontos a melhorar em futuras entrevistas, etc.). Como estes, existem muitos mais comportamentos a evitar na procura activa de emprego. Acima de tudo devemos, sempre que possível, ir actualizando e desenvolvendo as nossas competências, fazer outras actividades enquanto nos encontramos em situação de desemprego. Manter-se activo, não só o motiva em todo o processo como o dota de competências que poderão ser uma ferramenta útil no processo de procura activa de emprego.