Os produtos oriundos da China entraram em Portugal para ficar – é a chamada etnização comercial que começou com o aparecimento e a multiplicação de armazéns, e lojas, dedicados especialmente à venda destes produtos.
Produtos oriundos da china: o início
Tudo começou com a entrada da China, em finais de 2001, na Organização Mundial do Comércio e a posterior, e consequente, abolição de quotas de importação dos seus produtos, em 2005, que acarretou significativas consequências no mercado mundial – com reflexos óbvios também em Portugal.
Na verdade os produtos oriundos da China são fonte de concorrência económica e, logo, uma ameaça aos comerciantes locais. A importação de produtos chineses, nomeadamente dos ramos têxtil e do calçado, a baixo preço interfere no tecido empresarial português e também nas pequenas superfícies comerciais, no comércio independente de rua em particular.
Relações comerciais dinâmicas
Mas calma aí que o fluxo comercial relativamente aos produtos oriundos da China também é um acrescento positivo! A presença de imigrantes chineses em Portugal estimula e mobiliza o cosmopolitismo. Ora este é um aspecto altamente favorável para o desenvolvimento do comércio e integração das cidades nas redes mundiais de comércio.
Não percebeu bem? Explico: a procura do exotismo dos produtos chineses origina um crescimento de dinâmicas de produção flexíveis – o que significa novas relações económicas e crescimento dos serviços em um processo de reestruturação económica e diversificação dos gostos de consumidores.
Haja sinceridade: os consumidores beneficiam com a presença da comunidade chinesa em termos de maior oferta, preços mais baixos, acesso a novos produtos, novos costumes, gastronomia, entre outros!
A estratégia Chinesa: uma combinação esperta
Saiba que o sucesso dos produtos oriundos da China não é segredo nem milagre. Há estudos que indicam claramente que as relações comerciais dos chineses resultam da conjugação de circunstâncias indissociáveis que podem ser estruturadas em três dimensões fundamentais, também chamadas combinações de oportunidades e recursos, de suporte às estratégias empresariais dos imigrantes chineses. São elas:
- recursos pessoais;
- oportunidades étnicas;
- oportunidades estruturais.
As estratégias empresariais dos imigrantes chineses não são mais do que o resultado das interacções dinâmicas e criativas entre os recursos individuais, as oportunidades étnicas e as oportunidades estruturais.
O caso da Varziela, Vila do Conde
É sabido que em Vila do Conde, mais propriamente na Zona Industrial da Varziela, há uma enorme concentração de imigrantes chineses. Mas o que diferencia a comunidade chinesa, e a sua relação no comércio de produtos oriundos da China, das restantes?
Sem sombra para dúvidas: a inter-ajuda co-étnica que a comunidade chinesa promove! e nas mais variadas dimensões!
Meta bem os olhinhos na comunidade chinesa: há o espírito empreendedor de cada um mas o grande objectivo é a ascensão social de todos.
Ora isto, esta forma de estar e de pensar faz-nos compreender a independência – além de favorecer o acolhimento. Há que reconhecer a importância estratégica das redes co-étnicas: a mobilização de recursos faz-se com base no capital social.
E as vantagens?
As vantagens são variadas e vão desde o acesso a informação privilegiada dos mercados a explorar, ao apoio no capital necessários aos
primeiros investimentos e passam igualmente pelo acesso a fornecedores e a uma rede de funcionários co-étnicos.
Ademais a existência de infra-estruturas adequadas e, em especial, a possibilidade de acesso à propriedade é um factor preponderante para a fixação destas comunidades em Portugal, como por exemplo na Varziela, em que a comunidade chinesa comprou ou alugou armazéns abandonados e transformou-os em espaços comerciais onde trabalham quase só chineses e tiram partido dos contactos com a produção chinesa. Inteligente, não?
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